Adventismo: Uma Seita ou Uma Denominação Cristã?
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, surgida no século XIX, apresenta uma série de doutrinas que geram debates e questionamentos entre os cristãos. O adventismo, fundado por William Miller e posteriormente liderado por figuras como Ellen White, se destaca por suas crenças exclusivas e interpretações bíblicas que divergem de muitas tradições cristãs. A análise das doutrinas adventistas revela aspectos que podem ser considerados controversos e, em alguns casos, incompatíveis com a teologia cristã histórica.
O adventismo surgiu em um contexto de grande expectativa escatológica nos Estados Unidos, onde muitos cristãos aguardavam a volta de Cristo. A interpretação de Miller sobre as profecias de Daniel levou a um movimento que culminou em previsões de retorno de Cristo em 1843 e, posteriormente, em 1844. Quando essas previsões falharam, a resposta do movimento foi a criação de novas doutrinas, como a ideia de um juízo investigativo que começou em 1844.
A doutrina do juízo investigativo é central para a teologia adventista. Segundo essa crença, Cristo entrou no Santuário Celestial em 1844 para iniciar uma fase de investigação dos pecados dos crentes. Essa ideia implica que a salvação não é completa até que essa investigação seja concluída, o que contrasta com a visão cristã tradicional de que a obra de redenção foi consumada na cruz. A Bíblia, em Hebreus 10:12, afirma: “Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado à direita de Deus.” Essa passagem sugere que a obra de Cristo é final e não requer uma investigação posterior.
Outro ponto controverso é a visão adventista sobre a natureza de Cristo. Ellen White, uma das fundadoras do movimento, afirmou que Jesus é o Arcanjo Miguel. Essa interpretação é baseada em Judas 1:9, onde Miguel contende com o diabo. No entanto, a identificação de Cristo como Miguel não encontra respaldo nas Escrituras, que afirmam a divindade de Cristo em João 1:1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Essa confusão entre as identidades de Cristo e Miguel levanta questões sobre a compreensão da natureza de Jesus na teologia adventista.
A doutrina da salvação também apresenta nuances que merecem atenção. Embora os adventistas afirmem que a salvação é pela graça, há uma ênfase em obras e na observância do sábado como requisitos para a salvação. Ellen White, em seus escritos, sugere que a salvação depende dos esforços individuais e da observância dos mandamentos. Isso contrasta com a mensagem central do evangelho, que enfatiza que a salvação é um dom de Deus, conforme Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”
A questão do sábado é outro aspecto que distingue o adventismo de outras tradições cristãs. Os adventistas defendem a observância do sábado como um mandamento essencial, considerando que a guarda do domingo é uma apostasia. Essa posição é baseada na interpretação de Êxodo 20:8-11, que ordena a guarda do sábado. No entanto, a prática da igreja primitiva, conforme Atos 20:7, mostra que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana para celebrar a ressurreição de Cristo. A transição do sábado para o domingo como dia de adoração é apoiada por evidências históricas e teológicas que indicam que a ressurreição de Cristo inaugurou uma nova era na adoração.
A mortalidade da alma é outra doutrina distintiva do adventismo. Os adventistas acreditam que, ao morrer, a pessoa entra em um estado de sono inconsciente até a ressurreição. Essa crença é baseada em Eclesiastes 9:5, que afirma que “os mortos não sabem coisa nenhuma.” No entanto, a Bíblia também apresenta passagens que indicam a consciência após a morte, como em Lucas 16:19-31, onde Jesus narra a história do rico e Lázaro, mostrando que ambos estavam conscientes após a morte.
Além disso, a ideia de que Satanás carregará os pecados dos crentes durante o milênio é uma doutrina peculiar do adventismo. Essa crença se baseia em Levítico 16, onde um bode é enviado ao deserto levando os pecados do povo. Ellen White interpreta essa passagem como uma representação de Satanás, que carregará a culpa dos pecados. No entanto, essa interpretação não encontra suporte nas Escrituras, que afirmam que Cristo é o único que leva os pecados, conforme 1 João 2:2: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”
A análise das doutrinas adventistas revela uma série de crenças que, embora possam ser sinceramente defendidas por seus seguidores, divergem significativamente da teologia cristã histórica. A ênfase em um juízo investigativo, a identificação de Cristo como Miguel, a salvação baseada em obras, a observância do sábado como essencial, a mortalidade da alma e a transferência de pecados para Satanás são pontos que merecem reflexão e debate.
É importante abordar essas questões com respeito e compreensão, reconhecendo que muitos adventistas são sinceros em sua fé e buscam seguir a Cristo. No entanto, a verdade importa, e a busca pela compreensão das Escrituras deve ser uma prioridade para todos os cristãos. A Bíblia é a única regra de fé e prática, e é nela que encontramos a revelação final de Deus em Cristo.
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